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O papel do Conselheiro em empresas familiares

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Este artigo é baseado em experiências reais de um profissional que, atualmente, é Conselheiro de empresas familiares. Acompanhe:

A experiência vivida como Conselheiro de empresas familiares traz aprendizados interessantes, pois há características ímpares nesse tipo de organização. Este artigo propõe-se a compartilhar parte desses aprendizados.

Segundo o Código das Melhores Práticas de Governança CorporativaEdição – 2015 – IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa: “Governança Corporativa é o sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas”.

Partindo dessas definições, a crença é que a Governança Corporativa agrega valor para as empresas, sejam elas empresas de controle compartilhado ou empresas familiares.


Saber ouvir e respeitar a cultura da empresa/família

No início de um trabalho em uma empresa familiar é fundamental entrevistar e ouvir de forma  interessada o que elas têm a dizer sobre a empresa e sobre a família. E também observar com muita atenção a cultura ali existente, respeitando a mesma.

O erro a ser evitado é tentar impor algo que deu certo em outra empresa com outra cultura para dentro desta, vir com visões e experiências pré-concebidas. As eventuais mudanças e contribuições feitas pelo Conselheiro deveriam partir deste pressuposto.



Conquistar a confiança da Família

Este é o item mais relevante de todos aqui listados. O Conselheiro somente será ouvido e respeitado quando ele tiver a confiança das lideranças da família empreendedora.

Este processo parte do item anterior (saber ouvir e respeitar a cultura), sendo uma conquista obtida ao longo dos primeiros meses de trabalho. Se não for atingido, a chance de sucesso e de agregação de valor ao trabalho diminui muito



Não se alinhar a ninguém de forma automática

Quando o valor do Conselheiro começa a ser percebido e a relação de confiança está em estágio de construção, pode começar a aparecer outro processo, que é a busca por parte de alguém relevante na família de fazer do Conselheiro “seu homem” e não mais alguém independente, por exemplo.

Em muitas situações, esse tipo de comportamento é fruto da cultura da empresa e da família e pode criar algumas “saias justas” para o Conselheiro, que precisa sair de forma elegante dessas situações.

A ação do Conselheiro deve estar pautada no interesse da empresa e não no do sócio/familiar A, B ou C.


Contato permanente com executivos e a Família

A atuação de um Conselheiro é muito mais ampla do que a participação na reunião mensal do Conselho. Ele deve estar atuando e interagindo de forma permanente com os principais gestores (diretores) da empresa e com os sócios. Muitas vezes essas interações e apoios são mais importantes que as decisões formais tomadas nas reuniões. É um momento onde o Conselheiro também agrega valor.

Nas empresas familiares isso tem uma relevância ainda maior, pois muitas vezes os gestores não foram acostumados a partilharem decisões e nem a pedirem ajuda. Ajuda também a mitigar a “solidão do poder”.

Estar disponível para vídeos, telefonemas, almoços, faz parte do papel de um Conselheiro de empresas familiares.


Saber o “Timing” das decisões

As decisões relevantes em empresas familiares são articuladas e construídas, exceto na situação onde existe um dono único que impõe suas decisões mas não consulta ninguém.

O “timing” das decisões é fundamental. Não deveria ser tão rápido que pareça que alguém está sendo atropelado no processo, nem tão devagar que se torne algo infindável. 

O Conselheiro colabora de forma efetiva para as grandes decisões de uma empresa familiar (estratégia, sucessão, M&As, prestação de contas, entre outros).


Buscar equilíbrio entre decisões totalmente racionais e respeito aos sócios/familiares

Em um empresa familiar não se deve esperar que todas as decisões sejam 100% racionais ou iguais às tomadas numa empresa totalmente profissionalizada (onde às vezes também não são).

O Conselheiro oscila entre 2 papéis:

  • Articulação: onde existe uma mediação visando uma decisão por consenso.
  • Posição bastante objetiva e racional: quando a situação demandar.

Por exemplo: situações envolvendo familiares, diretores “de confiança”, investimentos e a clássica dualidade investir no negócio X distribuir lucros.


Momentos chave para mudanças

Há diversos momentos que acabam sendo chaves para mudanças em uma empresa familiar.

  1. O primeiro são situações de crise na empresa, sejam causadas por fatores externos (situação econômica, pandemia), sejam por fatores internos (conflitos, perda de foco).
  2. O segundo é uma doença ou morte de sócio chave na empresa.
  3. Por fim, quando há a tomada de decisão de um grande investimento ou de uma guinada radical nos rumos da empresa também se encaixa nesta realidade.

Todas as situações acima listadas são momentos onde o Conselheiro, com sua visão menos emotiva, pode ter um papel fundamental para a empresa.


Acionistas ou familiares na gestão: apoiar e avaliar o seu desempenho

É esperado e desejado que o Conselheiro apoie um familiar que esteja na gestão e que precise de apoio no seu desenvolvimento profissional, ou cuja atuação na gestão esteja sendo questionada. Com este apoio, ele poderá construir o caminho para o seu desenvolvimento como gestor ou elevá-lo a um patamar acima dos questionamentos até então existentes. Também poderá dar os motivos para que o Conselheiro forme sua opinião negativa sobre o mesmo e expresse (quando solicitado), de forma clara, sua opinião.

Esta é uma situação onde um Conselheiro pode agregar mais valor para uma empresa familiar, pois muitas vezes, dadas as relações familiares existentes (pai e filho tipicamente), as cobranças e expectativas acabam se sobrepondo a um efetivo apoio ao desenvolvimento da nova geração.


Apoiar o desenvolvimento de membros da família

Por estar inteirado na dinâmica familiar da empresa e de sua cultura, o Conselheiro é procurado formal ou informalmente para apoiar o desenvolvimento dos membros da família, inclusive aqueles que não estão trabalhando dentro da empresa. 

Então este é um papel “nobre” do Conselheiro e muito requisitado. Conversas, “Mentoring”, encaminhamento para conversas com outros profissionais do seu networking são exemplos desta faceta de atuação.



Relação com a Família e com a empresa

  • Lembrar que o Conselheiro de empresas familiares não é eterno dentro da empresa e que o rodízio de pessoas e experiências é benéfico para a empresa e a família.
  • Atuar sempre de acordo com seus princípios éticos, valores e experiências. Nunca transigir neste ponto.
  • Usar o conhecimento técnico e seus jargões apenas quando necessário.



Concluindo este artigo, o sucesso final vai ser dado pela forma como os sócios e a empresa enxergarão, ou não, valor no papel do Conselheiro e no processo de implantação e aprimoramento da Governança Corporativa.

As ações e posturas aqui listadas em muito colaborarão para o sucesso de um Conselheiro em uma empresa familiar.



Autor:

Daniel Blumenthal

Economista, Conselheiro de Empresas, Executivo.

Presidente do Conselho de Administração da Petrobahia S.A.



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