A chegada e consequente disseminação da COVID-19 no país impuseram um duro golpe à economia brasileira. Por quê o novo coronavírus acabou por prejudicar severamente milhares de pessoas. Além de prejudicar empresas de diferentes portes e dos mais diversos setores.
Todas, sem exceção, tiveram de arcar com quedas em seu faturamento. Muitas se viram obrigadas a demitir funcionários, reduzir salários ou mesmo suspender contratos de trabalho. Outras precisaram renegociar ou postergar o adimplemento de suas obrigações tributárias. Outras tantas, infelizmente, simplesmente acabaram indo à falência.
Somado a isso, tem-se o impacto no cenário macroeconômico, no qual já se prevê retração de pelo menos 5,3% no PIB. Desaceleração econômica que pode resultar em uma nova recessão com consequente aumento do desemprego, da pobreza e do trabalho informal.
Porém, apesar do cenário preocupante, nem tudo se traduz apenas em fatos negativos. Por mais contraditório que possa parecer, medidas e ações das quais podemos nos orgulhar acabaram por emergir justamente em meio a este cenário verdadeiramente caótico.
Neste artigo, mostramos quais as principais lições que a pandemia nos traz e o motivo pelo qual temos de levá-las a sério.
1. O protagonismo do setor privado é fundamental em época de crise do COVID-19
Então, se há algo que devemos reconhecer, antes de tudo, é o papel de liderança assumido e protagonizado pelo setor privado durante este período de pandemia.
Tão logo foi decretado o estado de calamidade pública as empresas começaram a se organizar para atender às novas demandas da população. Enquanto tiveram que socorrer o poder público para que o combate ao coronavírus pudesse ser realmente eficaz. Somando-se a isso a imposição de medidas de isolamento social)
Iniciativa privada tomou a frente e liderou o combate ao novo coronavírus
Gigante do setor de bebidas, a AmBev passou a produzir álcool em gel para ser distribuído a hospitais municipais. Que foram distribuídos no Rio de Janeiro, de São Paulo e Distrito Federal. Na cidade de Iperó (SP), outra empresa seguiu o mesmo exemplo: doou parte de sua produção de álcool em gel para a Santa Casa de Misericórdia de Sorocaba.
As fábricas da L’Oréal presentes em São Paulo também decidiram aumentar a produção de álcool em gel. Com intuito de posterior doação às populações indígenas e quilombolas do Norte do país. A doação será destinada aos Estados do Amazonas, Pará, Amapá e Acre.
O Grupo Zaffari, por sua vez, se comprometeu a doar R$ 10 milhões à saúde pública do Rio Grande do Sul para combater a disseminação da COVID-19 no Estado. A ideia é que os recursos sejam destinados à compra de insumos e equipamentos hospitalares.
Além destes, há uma infinidade de outros casos onde a iniciativa privada tomou a frente e liderou o combate ao novo coronavírus antes mesmo de qualquer plano de ação sequer ter sido pensado pelo poder público.
Por este motivo, é preciso reconhecer o importante papel que o setor privado desempenha na sociedade. Sem ele, é bem provável que estaríamos enfrentando desabastecimento, escassez e muita lentidão na tomada de medidas essenciais para conter o avanço do vírus e proteger a saúde da população.
2. Qualquer mudança deve, necessariamente, começar por nós mesmos
Em um país como o Brasil, onde a inércia por parte dos agentes políticos infelizmente é a regra, parece claro que esperarmos que soluções urgentes partam justamente da classe política não parece ser o melhor caminho.
Não são poucos os casos onde indivíduos, cansados de esperar por ações concretas e necessárias que deveriam ser colocadas em prática pelo poder público, tomaram a frente e decidiram, por si mesmos, resolver seus problemas e ajudar aqueles que mais necessitam.
E não foi diferente durante esta pandemia. Por exemplo, no Rio de Janeiro, por exemplo, moradores da favela Santa Marta se uniram a um grupo de voluntários e passaram a higienizar as ruas da comunidade por conta própria para evitar a disseminação da COVID-19.
Com a ajuda de empresários, equipamentos de proteção individual (EPIs) foram obtidos e diversos produtos e materiais químicos para realizar a sanitização de forma mais eficiente foram doados.
Já em São Paulo, na cidade de Itapetininga, uma cabeleireira passou a confeccionar máscaras para doação e um empresário decidiu distribuir pizzas e esfihas aos profissionais da saúde. Cerca de 500 máscaras foram doadas a quem precisa e uma média de 220 pizzas e esfihas foram distribuídas por semana.
Ao contrário do que possamos pensar inúmeras vezes, a solidariedade e o exercício da cidadania são valores que nossa sociedade felizmente ainda cultiva.
3. O papel do Estado precisa ser urgentemente revisto
A COVID-19 está servindo de justificativa para a adoção de medidas autoritárias e violadoras de direitos básicos.
Infelizmente, somos um país que carece de instituições sólidas e de uma legislação clara e eficaz, o que nos torna um terreno fértil para a insegurança jurídica e econômica, e propicia a manutenção de um ambiente onde membros da classe política se sentem seguros para extrapolar suas atribuições e avançar cada vez mais sobre a esfera privada.
A saber, em São Paulo, logo após o início da decretação da quarentena, a empresa 3M, localizada na cidade de Sumaré, teve 500 mil máscaras confiscadas pelo governo do Estado. A ação contou, inclusive, com a presença da Polícia Civil.
O mesmo aconteceu com a empresa Magnamed, fabricante de ventiladores pulmonares com sede em Cotia (SP). Tendo como base a Lei nº 13.979, de fevereiro de 2020, o Ministério da Saúde determinou, por seis meses, o confisco de ventiladores respiratórios produzidos pela empresa.
A Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) se manifestou e ressaltou que o confisco de materiais acaba por afetar justamente a segurança hospitalar. Ao quebrar a cadeia de suprimentos, a medida prejudica os hospitais que já tinham comprado, de forma antecipada, os ventiladores e tiveram suas entregas suspensas. Afetando justamente o tratamento dos pacientes infectados com a COVID-19.
A atuação estatal durante a pandemia tem se mostrado extremamente danosa para o país.
Na medida em que a relativização de direitos de propriedade aprofunda a crise ao afastar investidores e corroer o incentivo ao empreendedorismo.
Tudo isso sem mencionar a tributação escorchante (que corresponde a cerca de 35% do PIB) que desestimula a atividade econômica e a retardada. Isto quando não impede por completo, seu crescimento, impedindo, consequentemente, a criação de mais postos de trabalho. Sobretudo que, a recuperação de empresas costuma ser mais lenta após períodos de crise, assim como a redução dos índices de desemprego.
A chegada da COVID-19 mostrou que o Estado brasileiro deve se modernizar e começar a atuar como garantidor, e não violador, de direitos básicos que garantem a estabilidade política, jurídica e econômica do país.
A necessidade de reformas estruturais está mais clara do que nunca, especialmente se quisermos garantir que, no futuro, ainda teremos um setor privado forte e motivado que seja capaz de socorrer o setor público e atender às demandas da população em cenários extremos como este que estamos passando atualmente.
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