O novo normal: qual o papel do RH em movimentos de transição entre modelos de trabalho? | Evermonte Executive Search
Desde 2020, com a pandemia de COVID-19, o mundo do trabalho passou por transformações profundas. O isolamento social forçou muitas empresas a adotarem rapidamente o modelo de home office. Quatro anos depois, embora algumas organizações tenham retornado ao trabalho presencial, muitas vêm enfrentando significativa resistência dos colaboradores. Nesse cenário, é fundamental que os gestores adotem uma abordagem de negociação que considere as preferências de suas equipes, buscando equilíbrio entre flexibilidade e produtividade.
Então, como o RH deve atuar em movimentos de transição entre modelos de trabalho?
De acordo com uma pesquisa realizada pela PwC Brasil, tanto colaboradores quanto executivos preferem o regime híbrido, com um ou dois dias de trabalho no escritório por semana. Os principais benefícios mencionados são a eliminação do tempo de deslocamento, maior flexibilidade de horários e a possibilidade de estar mais próximo da família. Além disso, a percepção sobre a produtividade no trabalho remoto varia conforme gênero e idade – inclusive, mulheres e colaboradores mais jovens tendem a se sentir mais produtivos quando trabalham de casa.
Como liderar equipes híbridas em 2024?
“Os líderes agora não podem ficar alheios às necessidades das pessoas, sob pena de perderem alguns de seus melhores talentos. É hora de exercitar a capacidade de aprendizado e adaptação novamente e nos reconstruirmos nesse processo de transformação.” – Tatiana Fernandes, Sócia e líder de Capital Humano da PwC Brasil
Embora colaboradores e executivos prefiram o modelo híbrido, muitas empresas têm optado pelo retorno total ao trabalho presencial devido a desafios como o enfraquecimento da cultura organizacional, a queda na produtividade e as dificuldades com a gestão remota. No entanto, conforme a pesquisa realizada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) em 2023, 40% dos trabalhadores brasileiros considerariam deixar seus empregos se fossem obrigados a retornar ao modelo de trabalho 100% presencial. Portanto, o principal desafio enfrentado pelos gestores de RH é equilibrar as necessidades e desejos das empresas com as expectativas e preferências de seus colaboradores.
Para superar esse desafio, é crucial que as lideranças identifiquem o que funciona melhor para o seu time, baseando suas decisões em dados. Isso envolve coletar e analisar informações sobre produtividade, satisfação e necessidades dos funcionários, bem como monitorar o impacto das diferentes modalidades de trabalho na performance da equipe. Uma pesquisa da Gallup revelou que 54% dos funcionários que têm a opção de trabalhar em casa ou no escritório são mais produtivos e engajados do que aqueles que trabalham exclusivamente em um ambiente fixo. Esses dados sugerem que, em geral, o modelo híbrido tende a ser a escolha ideal para a maioria das equipe, visto que contempla, de certa forma, o melhor dos dois mundos.
Como engajar sua equipe e garantir a frequência constante no ambiente presencial?
Para motivar os colaboradores a frequentarem regularmente o escritório, é essencial que as empresas estabeleçam uma rotina envolvente e estimulante, que torne-o um ambiente atrativo. Isso pode incluir a criação de oportunidades para interações sociais e networking, a realização de eventos, treinamentos e dias definidos para reuniões, além de garantir que o espaço físico seja confortável e bem equipado.
Implementação da transição
Para uma transição bem-sucedida entre modelos de trabalho, a análise de impacto é fundamental. Isso envolve avaliar como as mudanças afetarão a operação da empresa, a produtividade dos colaboradores e a cultura organizacional. Inclusive, realizar pesquisas e coletar dados sobre as preferências dos funcionários e as necessidades específicas do negócio pode ser uma solução bastante efetiva. Além disso, esta análise deve considerar tanto os benefícios quanto os desafios potenciais, ajudando a desenvolver um plano que minimize os riscos e maximize os resultados em termos de engajamento do público interno.
Definir políticas claras também é essencial para uma transição suave
Essas políticas devem abordar questões como frequência de trabalho remoto e presencial, normas para a utilização de recursos compartilhados e diretrizes para a comunicação e colaboração. A gestão da mudança deve incluir a criação de um cronograma de implementação e a comunicação contínua com os funcionários em relação a expectativas e progressos. Assim, estabelecer um canal aberto para feedback e ajustes ajudará a resolver problemas rapidamente e a garantir que todos estejam alinhados com as novas diretrizes em meio a um cenário de transição.
Treinamento e desenvolvimento
À medida que as empresas implementam tecnologias e processos novos, os colaboradores também precisam aprimorar suas habilidades. Investir em treinamentos que desenvolvam competências específicas, como o uso de novas ferramentas de colaboração ou técnicas avançadas de gerenciamento de projetos é essencial. Esses treinamentos devem ser desenhados para atender às demandas emergentes e às mudanças no mercado de trabalho. Entretanto, reiteramos aqui a importância da personalização da experiência. Não basta apenas desenvolver um plano generalista – é necessário entender as idiossincrasias de cada setor e considerá-las parte indissociável do processo.
Além das habilidades técnicas, o aprimoramento das soft skills também é fundamental. Competências como comunicação assertiva, resolução de problemas e gestão do tempo são fundamentais para o sucesso em ambientes de trabalho híbridos. Nesse sentido, programas de desenvolvimento focados em melhorá-las contribuem para a adaptação dos colaboradores às novas exigências e para a integração entre equipes.
Gestão de cultura e comunicação transparente
A gestão da cultura organizacional durante a transição para um modelo híbrido é um grande desafio. Logo, manter a cultura viva e vibrante em um ambiente de trabalho misto exige uma abordagem proativa. Isso pode incluir a criação de iniciativas para fortalecer a coesão da equipe, como eventos sociais regulares, oportunidades de colaboração em projetos, celebrações de conquistas e metodologias de reconhecimento.
A comunicação transparente, por sua vez, é essencial para garantir que todos os colaboradores se sintam informados e incluídos no processo de transição. Informar claramente sobre as mudanças, os motivos por trás delas e os impactos esperados contribui para a redução da incerteza e da resistência. Manter um diálogo aberto, encorajar o feedback e fornecer atualizações regulares contribuem para um ambiente de confiança e colaboração. Isso não só melhora a aceitação das novas políticas, como também promove um senso de pertencimento e engajamento entre os funcionários.
Agora, para enfrentar os desafios da transição entre modelos de trabalho e incentivar a frequência regular dos colaboradores ao escritório, é essencial adotar uma abordagem equilibrada e adaptativa. Ainda, ao reconhecer e atender às necessidades dos funcionários, as empresas podem criar um ambiente que maximize a produtividade, o engajamento e a satisfação, promovendo um equilíbrio sustentável entre trabalho remoto e presencial. O sucesso desta negociação dependerá da capacidade de adaptação contínua e da construção de um espaço que ofereça valor real aos colaboradores, garantindo que a organização prospere em um cenário de trabalho plural e dinâmico.
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