Por que a área de Pessoas está crescendo tanto nos últimos tempos? | Evermonte Executive Search
Nos últimos anos, temos acompanhado uma crescente demanda por lideranças da área de Recursos Humanos. E esse movimento, com toda certeza, é um reflexo direto dos esforços de distintas companhias, direcionados, sobretudo, ao desenvolvimento da cultura organizacional e ao engajamento do público interno. Passou-se o tempo em que a definição de RH estava condicionada – única e exclusivamente – a Remuneração e Benefícios. Hoje, há um mundo inteiro a ser explorado, e os resultados são bastante claros, uma vez que o processo de profissionalização da área de Pessoas e Cultura está fortemente atrelado ao crescimento do negócio.
Em tempo, as empresas estão identificando suas insuficiências e percebendo que, no final do dia, a maior parte delas poderia ser mitigada por uma gestão eficiente de RH. E é sob essa análise que queremos apresentar o panorama otimista do estudo Executive Market Outlook para a área de Recursos Humanos em 2024.
1. Estabilidade da Equipe de RH
A partir do gráfico abaixo, podemos observar uma perspectiva positiva em relação à estabilidade da equipe de RH, uma vez que 57,97% dos executivos que responderam a pesquisa avaliam que sua equipe irá se manter estável em comparação ao ano de 2023. Este dado sugere uma confiança generalizada nas operações e estratégias que estão sendo desenvolvidas na área de Pessoas, indicando que a maioria das empresas está satisfeita com a estrutura e a composição de suas equipes – o que, como será mostrado a seguir, tem impacto direto nas perspectivas de contratações.
Além disso, os resultados ligados à instabilidade correspondem a apenas 15,38% do total de respondentes, demonstrando um cenário otimista ao longo do próximo semestre. E, claro, este contexto majoritariamente positivo pode ser atribuído a diversos fatores. Dentre eles, estão a implementação de políticas de retenção mais eficazes, o fortalecimento das práticas de gestão de talentos, a digitalização e quantificação do RH, a adaptação bem-sucedida às novas dinâmicas do mercado de trabalho pós-pandemia e ao processo de contínua atualização intrínseco à área de Pessoas.
1.1. Estabilidade da Equipe x Porte de Empresa
O que mais se destaca no gráfico acima é a perspectiva significativa de estabilidade presente nas três grades de faturamento analisadas. Dentre elas, a mais estável encontra-se na faixa acima de R$2 bi. Além disso, as porcentagens relacionadas ao posicionamento neutro e de instabilidade demonstram que 2024 tende a manter um posicionamento otimista, mas com uma atuação por vezes cautelosa, principalmente no que se refere à contratação de lideranças.
2. Perspectivas de Contratação
Entre os participantes, a maioria (56,42%) espera manter a estabilidade de suas equipes de RH, enquanto uma parcela considerável (33,34%) antecipa um aumento no quadro de colaboradores. E, quando analisamos os dados com base no porte das empresas, as tendências se mantêm semelhantes. Em empresas com faturamento acima de R$2 bilhões, os dados mostram um índice de substituições de 14,29%, e uma expectativa de novas contratações de 41%, evidenciando um dinamismo significativo no mercado executivo.
Além de manterem suas equipes, muitas companhias em fase de expansão ou reorganização estão buscando novos talentos para atender às demandas inerentes a esses processos. Em casos de empresas que passaram ou estão passando por quadros de fusões e aquisições, por exemplo, a área de Pessoas é ainda mais essencial – seja para a manutenção da cultura organizacional, ou para a promoção do engajamento dos colaboradores em novos ambientes de trabalho. Logo, os números corroboram a realidade de um mercado cada vez mais centralizado no Capital Humano.
3. Investimento em Transformação Digital
A maior parte dos executivos de Recursos Humanos demonstra inclinar-se para o aumento de investimentos em digital (cerca de 60,10%), o que se traduz em uma crescente tendência de budget sendo realocado para essa área – com uma pequena parcela (4%) que considera algum nível de retração. Em empresas de até R$500 milhões, há a maior expectativa de investimentos (81,08%), e companhias de maior porte pouco consideram diminuí-los.
Ações de alinhamento sobre inovação, além da contínua movimentação voltada à Nova Economia Digital devem ser os grandes focos das companhias que desejam ampliar seus resultados, sobretudo na área de Pessoas. Com a ascensão de novas tecnologias, é possível fomentar a competitividade, melhorar a experiência do colaborador e automatizar múltiplas tarefas operacionais que, por sua vez, podem abrir espaço para uma atuação ainda mais estratégica.
No que diz respeito à destinação destes investimentos, há quatro categorias principais: (1) implementação de ferramentas digitais, com a adoção de softwares de RH, plataformas de recrutamento e seleção e mecanismos de gestão de desempenho; (2) automação de processos, incluindo tarefas como folha de pagamento, onboarding, offboarding e organização de calendário; (3) análise de dados, cuja utilização auxilia na tomada de decisões sobre gestão de pessoal, desenvolvimento de talentos e realocação de recursos; e, por fim, (4) cultura digital e analítica, com foco na constante atualização do RH.
Portanto, para responder à pergunta que deu início a este texto, precisamos, antes de qualquer coisa, olhar para o mercado conscientes da multiplicidade de contextos que o compõem. Algumas companhias ainda estão bastante vinculadas a uma perspectiva tradicional, outras, no entanto, operam sob a ótica da inovação contínua desde seus primórdios. Mas, independentemente da essência que as caracteriza, o que realmente as diferencia são as pessoas que a constituem.
E é justamente por isso que a área de Pessoas vem crescendo tanto nos últimos tempos. O aumento da demanda por lideranças de RH retrata um cenário onde, gradativamente, as empresas estão compreendendo que investir nas pessoas significa investir, também, no sucesso do negócio.
Dessa forma, devemos nos perguntar: será que estamos dedicando os recursos adequados ao desenvolvimento das nossas pessoas?
A resposta pode ser o segredo da perenidade de nossas companhias.