Hard e Soft Skills são conceitos que podem ser caracterizados como um conjunto de habilidades técnicas e comportamentais relacionadas ao perfil profissional de cada indivíduo. Entretanto, nos últimos tempos, um debate importante tem sido fomentado em relação à explícita dicotomia existente entre ambas as concepções. Com recorrência, as empresas priorizam as chamadas Hard Skills porque são mais fáceis de serem mensuradas e, por consequência, consideradas a principal fonte de análise no momento da contratação.
Em contrapartida, esse cenário vem sendo gradativamente modificado. Um mercado que antes pautava seus processos de recrutamento e seleção por aptidões exclusivamente técnicas (isto é, aquilo que efetivamente consta no currículo), agora já percebe a relevância estratégica das habilidades sociocomportamentais, sobretudo no que se refere às posições de liderança. Nesse sentido, as Soft Skills, diferentemente do que sugere a tradução literal da expressão, possuem um impacto mais do que significativo no sucesso do negócio, posto que contemplam uma gama de características ligadas à personalidade dos colaboradores, influenciando diretamente na produtividade e na qualidade dos relacionamentos interpessoais no ambiente de trabalho.
Hard ou Soft? Nem uma, nem outra
Atualmente, pode-se observar um expressivo crescimento na automação dos quadros operacionais da maioria das companhias de grande porte. Em concomitância a isso, os processos de transformação digital têm se intensificado de maneira contínua, suscitando um receio genuíno sobre o futuro profissional dos seres humanos em meio à digitalização. A partir disso, um questionamento intrigante também tem tomado força: como manter o engajamento, a produtividade e a criatividade dos colaboradores em um contexto de sucessivas substituições por máquinas?
Em primeiro lugar, a divisão entre Hard e Soft Skills deve ser cessada imediatamente (e, às vezes, obviedades também precisam ser verbalizadas). Um profissional é constituído por distintas características, mas, no final, ainda será um único sujeito, cujas habilidades mensuráveis e intangíveis, em conjunto, serão capazes de representá-lo em sua completude. Assim, não há uma hierarquia de valor. As Human Skills são a resposta para o futuro. O que precisamos, agora, é trabalhar no desenvolvimento humano, de maneira a preparar as pessoas e torná-las aptas a lidar com aquilo que uma máquina não conseguiria.
Comunicação, empatia, resiliência, persuasão… À medida que as “habilidades difíceis” estão sendo cada vez mais suportadas por ferramentas de Inteligência Artificial, ganhamos a possibilidade de ultrapassar o que está sob nossos olhos. Podemos ir além do que o cotidiano demanda, e potencializar todas as áreas que dependem única e integralmente da atuação humana. Pensando em uma perspectiva longínqua, a eficiência e reprodutibilidade dos resultados de processos automatizados serão incontestáveis, e é justamente por isso que devemos nos atentar às Human Skills.
A nova realidade de mercado
De acordo com dados do World Economic Forum, 23% dos empregos atuais serão impactados pelo avanço da tecnologia, e 44% das habilidades básicas atualmente demandadas pelo mercado devem mudar nos próximos 5 anos. Ainda, a tendência é que, em meados de 2027, cerca de 43% das atividades realizadas por seres humanos sejam terceirizadas a robôs. No entanto, o determinismo não tem de ser um caminho admissível. Harari, no livro “21 Lições para o Século XXI”, disserta que o futuro será o resultado das decisões humanas, e não da atuação das máquinas, uma vez que toda tecnologia é uma extensão da visão de mundo proposta pela humanidade.
Fundamentando-se em uma pesquisa interna da Evermonte Executive Search, realizadas entre algumas das principais lideranças de Recursos Humanos do país, pôde-se elencar as dez habilidades mais demandas para os próximos meses e, por conseguinte, corroborar o panorama apresentado ao longo deste artigo:
1. Comunicação e escuta ativa (15,50%);
2. Orientação a resultados (13,23%);
3. Tomada de decisões (10,96%);
4. Resiliência (10,94%);
5. Pensamento crítico (10,18%);
6. Agilidade (6,62%);
7. Criatividade (5,60%);
8. Flexibilidade (6,11%);
9. Sociabilidade e Networking (6,11%);
10. Negociação (6,11%).
Todas são qualidades intrinsecamente humanas e podem ser desenvolvidas ao longo do tempo. Através delas, é possível criar conexões com times e clientes; aumentar a inovação, colaboração e pensamento adaptativo; otimizar a produtividade; potencializar resultados e fomentar o crescimento organizacional.