Habilidade política do CEO ajuda no sucesso de empresas familiares | Artigo Guilherme Abdala | Jornal do Comércio
Ao longo da minha atuação como headhunter, tenho percebido o aumento da demanda por executivos de C-Level que possuam habilidades políticas efetivas. Isso se dá, sobretudo, em companhias com gestão familiar, que buscam lideranças capazes de garantir uma boa interlocução entre o dia a dia da organização e a atuação do Conselho Administrativo. Essa soft skill não é mais apenas um diferencial para quem ocupa ou almeja a chefia de empresas deste perfil, mas sim, imprescindível para alcançar uma gestão verdadeiramente eficaz e atingir as metas definidas para o negócio.
A habilidade política no contexto corporativo envolve a capacidade de compreender e navegar entre as dinâmicas interpessoais, estratégicas e organizacionais. Sendo assim, o CEO que dispõe dessa skill é capaz de articular visões, influenciar decisões cruciais, gerenciar relacionamentos complexos e mitigar conflitos, promovendo, portanto, o alinhamento entre as diferentes partes envolvidas no funcionamento da empresa. Ressalto que tal cenário vai além da mera diplomacia. Ser politicamente hábil também significa ter inteligência emocional e ser adaptável, resiliente e ágil diante dos desafios na rotina operacional – habilidades estas que figuram entre as mais visadas na busca por lideranças, segundo a Pesquisa de Remuneração da Diretoria Executiva 2024, realizada pela Evermonte Executive Search.
A capacidade de manter uma comunicação efetiva, objetiva, respeitosa e persuasiva, inclusive sobre os valores que norteiam a companhia, é outro ponto de atenção. E essas skills são acentuadas, principalmente, em empresas de controle familiar, posto que, nestes espaços, os conflitos pessoais podem, por exemplo, extrapolar o âmbito privado e afetar as decisões e a rotina das organizações, além de outras particularidades relacionadas aos interesses e às emoções comuns nestas relações. Nesse contexto, os executivos de C-Level devem manejar muito mais do que apenas a interação com o Conselho Administrativo e a diretoria, também sabendo equilibrar as necessidades, exigências e expectativas dos membros das famílias envolvidas no negócio. Não apenas, a atenção volta-se para a relação entre familiares e não-familiares, como executivos, conselheiros e acionistas.
Primordialmente, os CEOs com habilidade política conseguem traduzir as metas, visões e decisões estratégicas do Conselho em ações tangíveis para as equipes, o que mantém a coesão e o comprometimento de todos os membros envolvidos. E, mais do que isso, torna-se possível incutir seus valores e suas visões em todos os âmbitos da companhia, seja à frente do board ou do quadro operacional. Uma particularidade na função de CEO de uma empresa familiar é a necessidade de atuar na preservação e na continuidade do negócio ao longo das gerações. Nessas organizações, o profissional precisa articular uma visão sistêmica, que alinhe os interesses internos aos objetivos da companhia, promovendo uma cultura de governança que equilibre noções de meritocracia e tradição. Inclusive, um ponto fundamental para tanto é a definição de iniciativas de desenvolvimento de lideranças para otimizar o processo sucessório (seja ele planejado, ou não).
Nestes momentos, contar com uma liderança politicamente hábil garante a implementação de medidas estratégicas, que não apenas visam o crescimento sustentável, mas também fomentam uma imagem pública favorável e repercutem positivamente no relacionamento com acionistas.
Habilidade política do CEO ajuda no sucesso de empresas familiares | Artigo Guilherme Abdala | Jornal do Comércio