Para Michele Buck, CEO da The Hershey Company, uma das principais estratégias para ampliar os resultados de qualquer empresa é o investimento na cultura organizacional. Considerando o atual cenário de digitalização e transformação cultural, há diversas ações que podem ser empreendidas objetivando a garantia de uma incorporação a longo prazo. Nesse sentido, o investimento em pessoas realmente engajadas e conectadas ao propósito da companhia mostra-se imprescindível para que as mudanças sejam implementadas com sucesso e, sobretudo, reconhecidas pelos colaboradores.
O que se percebe em grande parte das organizações é um movimento de resistência à mudança, continuamente reforçado pela ausência de planejamento adequado frente a um contexto de alterações (sejam estas processuais, de governança ou de implicações diretas ao staff). Logo, deve-se, para além de diagnosticar possíveis impactos, trabalhar sobre eles com antecedência, priorizando uma atuação estruturada e atendendo tanto a realidade global da companhia, quanto as idiossincrasias de cada setor.
“No início da minha carreira, a estratégia era vista como a chave para o sucesso nos negócios. Mas, recentemente, o propósito tornou-se um elemento essencial para fazer negócios – a estrela do norte e a inspiração destinada a orientar todas as atividades da empresa.”
Hubert Joly.
Entretanto, o segredo está na conexão estreita entre propósito, estratégia e cultura. Nesta visão triangular da organização, os três elementos são mutuamente reforçados e, caso estejam alinhados entre si, podem gerar inúmeros efeitos positivos. A cultura, por exemplo, permite que o propósito e a estratégia ganhem vida: em um processo de reestruturação de interações, crenças, comportamentos e regimentos internos, pode-se reiterar o propósito de maneira estratégica e, com isso, contribuir para a concepção de uma cultura organizacional coerente, interligada e duradoura.
Assim, para que seja possível sustentar as mudanças a longo prazo, é necessário aproximar-se de uma perspectiva de interdependência e ultrapassar o nível da mera atuação individual. Para tanto, algumas estratégias se mostram extremamente eficazes:
1. Encapsular uma ideia simples, mas poderosa
Para que haja congruência entre os três aspectos mencionados, deve-se articular uma formulação simples, mas com grande potencial de identificação. Através de uma ideia acessível, o processo de moldagem e disseminação da cultura torna-se muito mais eficaz (e simplificado). De nada adiantaria difundir um propósito inatingível. É por esse motivo que a sustentação de mudanças a longo prazo começa pelo modo como a companhia decide comunicá-las: elas precisam ser recebidas, interpretadas e internalizadas com facilidade.
2. Liderar pelo exemplo
Ao buscar por lideranças disruptivas e capazes de influenciar os mais diversos níveis da organização, as transformações culturais acabam sendo, quase que espontaneamente, assimiladas pelos funcionários. Por meio de um desempenho autêntico, os líderes refletem não apenas os valores da companhia, mas, principalmente, suas próprias visões de mundo, atreladas ao propósito organizacional. Portanto, ao integralizar as alterações com naturalidade, elas serão gradativamente introduzidas na rotina da equipe.
Muitas vezes, as lideranças agem como catalisadores, aumentando a coesão do grupo e a dedicação coletiva à missão da empresa. Além disso, com determinação, integridade, otimismo e uma comunicação aberta, também podem conduzir as informações (formais e informais) e, assim, auxiliar na construção de uma cultura resiliente.
“Quando um pequeno número de indivíduos de alta credibilidade, que servem como canais visíveis de informação, demonstram ou ‘modelam’ os comportamentos associados à resiliência, acreditamos que eles têm a capacidade de mudar toda uma cultura de uma organização, pois outros replicam as características resilientes que eles observaram.”
George S. Everly.
3. Alavancar as áreas de gestão
Os principais processos de gerenciamento também afetam a cultura. Todas as estruturas relacionadas à contratação de cargos de C-Level ou alta gestão e, por consequência, aos seus resultados e reverberações internas, podem moldar a cultura de uma companhia. À vista disso, investir em profissionais verdadeiramente preocupados e comprometidos com o bem-estar dos colaboradores é de suma relevância para o desenvolvimento de ambientes interativos e um espaço de trabalho aberto a transformações.
4. Fornecer encorajamento e orientação
Um dos maiores preditores da resiliência humana é o apoio interpessoal. Dentro de uma organização, não seria diferente. A sustentabilidade da transformação cultural e digital só ocorre em concomitância ao encorajamento e à orientação da equipe de colaboradores, que deve ser constantemente envolvida na realidade da companhia e nas mudanças culturais que estão acontecendo.
Em meio a um cenário de instabilidade, unir estratégia, propósito e cultura é um caminho promissor para garantir que as mudanças sejam incorporadas a longo prazo.