Quais os pilares estratégicos para empresas familiares no Brasil? | Evermonte Executive Search
Contexto das empresas familiares no cenário nacional
No Brasil, de acordo com um levantamento realizado pelo SEBRAE, as empresas familiares representam 90% dos negócios, contribuem com 65% do Produto Interno Bruto e são responsáveis por 75% dos empregos formais. A dinâmica dessas companhias pode variar consideravelmente, dependendo de fatores como a inclusão de profissionais não familiares na gestão, o grau de influência da família sobre o negócio e a composição da administração.
E quais são os tipos de empresas familiares?
Empresa de controle familiar
Nesse formato, a família detém uma participação majoritária de 51% ou mais das cotas ou ações da empresa, conferindo-lhe um papel decisivo nas estratégias corporativas. Apesar disso, a administração não é exclusivamente familiar, contando também com profissionais do mercado, que trazem experiência em gestão de outras organizações.
Empresa de administração familiar
Neste caso, a gestão é predominantemente composta por membros da mesma família, sobretudo em cargos de liderança. No entanto, o controle acionário pode não ser exclusivamente familiar, havendo uma distribuição de cotas ou ações entre outros proprietários. Isso resulta em uma estrutura societária mais heterogênea, o que pode facilitar decisões estratégicas.
Empresa familiar tradicional
Este é o cenário mais comum, onde tanto o controle acionário quanto a administração são amplamente conduzidos pela família fundadora. Isso significa que a família exerce uma influência contínua sobre o negócio, o que pode tornar desafiadora a distinção entre a imagem da empresa e a imagem da família. Os valores tradicionais transmitidos pela família fundadora orientam as operações, dificultando por vezes a implementação de mudanças e inovações.
Mas quais são os pilares estratégicos desse tipo de negócio?
Independentemente do modelo de gestão adotado pela empresa, a governança familiar enfrenta desafios sensíveis, como conflitos internos, entre a própria família, disputas pelo poder e divergências entre gerações. Para mitigar esses problemas, é substancial adotar e investir em boas práticas de governança, fortalecendo seis pilares estratégicos fundamentais:
1. Confiança
Apenas 30% das empresas familiares conseguem sobreviver até a segunda geração e em 70% delas a família perde o controle dos ativos, o que pode ocasionar, inclusive, a ruptura de alguns relacionamentos. A falta de confiança e comunicação são responsáveis por 60% dessa taxa de fracasso, conforme destacado pelo Family Business Institute. Por isso, construir confiança é fundamental: os membros da família devem comprometer-se com base em sua competência, facilitando a execução de planos e promovendo um ambiente propício ao sucesso empresarial.
2. Propósito
Mais do que simplesmente gerar lucro, as empresas que prosperam possuem um propósito claro que guia suas decisões e engaja seus colaboradores. Segundo a PwC, embora 73% delas afirmem ter um propósito claro, apenas 38% comunicam regularmente esse propósito ao público externo. Integrar esse propósito na cultura organizacional fortalece a identidade da empresa e alinha as expectativas familiares e empresariais para o futuro. Quando bem comunicado e praticado, inspira confiança e compromisso, tanto internamente quanto externamente.
3. Protocolos
Conflitos de interesse e disputas de poder são comuns em empresas familiares, especialmente durante processos de sucessão. Para mitigar esses desafios, pré-estabelecer protocolos claros para a comunicação e a tomada de decisões é essencial. Isso evita mal-entendidos e promove um ambiente onde as divergências são tratadas de maneira construtiva, em prol do bem maior do negócio. Nesse sentido, a implementação de práticas robustas de governança corporativa garante transparência e prestação de contas, fundamentais para a sustentabilidade a longo prazo.
4. Comunicação Interna
A comunicação eficaz é um pilar essencial para sustentar o funcionamento integrado de todas as áreas de uma organização. No contexto de empresas familiares, porém, essa importância normalmente não recebe o devido valor. Quando a comunicação é enfraquecida, surgem ruídos, desalinhamentos e confusões entre questões familiares e empresariais. Com a implementação de um sistema comunicacional, problemas de assimetria informacional e conflitos podem tornar-se menos frequentes.
Em empresas familiares, é comum não haver um plano formal de sucessão, sendo habitual a transição dos cargos de liderança de uma geração para a outra, causando disputa entre membros da família, incertezas e inseguranças. Nesse sentido, a sucessão é um dos maiores desafios para as empresas familiares, e gerenciá-la de forma eficaz pode determinar o futuro do negócio. A pesquisa do Family Business Institute revela que, após a transição para a nova geração, 68% dos líderes sucessores relataram um aumento nos lucros, enquanto apenas 11% observaram uma diminuição. Além disso, 60% reportaram um aumento na participação de mercado, contra apenas 7% que viram uma redução. No que tange ao emprego, 54% dos sucessores aumentaram o número de funcionários, e 11%tiveram de reduzi-lo. Esses dados demonstram a importância de uma transição bem planejada e executada, que pode resultar em benefícios significativos para a empresa, sobretudo no que se refere à perenidade.
6. Qualificação da Administração
É recorrente que em empresas familiares os gestores assumam seus cargos sem treinamento prévio, o que pode resultar em ocupações prematuras de posição. Estabelecer o alinhamento adequado com a cultura organizacional e oferecer oportunidades de capacitação aos gestores torna a administração mais qualificada e profissional, fortalecendo a sustentabilidade e a capacidade de crescimento a longo prazo da empresa.
Seja qual for a dinâmica do negócio, fortalecer esses pilares dentro de uma empresa familiar não só torna os processos operacionais e administrativos mais fluidos e eficazes, como também otimiza recursos e aumenta a produtividade dos colaboradores. É possível alcançar isso preservando o legado da família fundadora e mantendo a identidade única do negócio, através de diálogo constante e respeito à trajetória já percorrida pela organização.
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