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Como o risco geopolítico pode barrar a inovação na sua empresa

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O impacto do conflito geopolítico no comércio e segurança global é claro, mas como os níveis crescentes de risco geopolítico afetam a inovação corporativa? De acordo com a Ernst & Young, 63% dos executivos(as)-chefes da Forbes Global 2000 veem a tecnologia e a inovação digital como uma das principais tendências que impactam as empresas – e a transformação digital é a principal preocupação dos negócios entre os(as) executivos(as).

No entanto, os(as) mesmos(as) executivos(as) colocam a geopolítica em último lugar em termos de tendências que afetam suas empresas – e apenas 28% apontam a gestão de riscos políticos como uma das principais preocupações dos negócios.

O efeito dessa desconexão pode ser considerável. É necessário ter uma compreensão completa dos riscos geopolíticos que afetarão a organização para guiar projetos de inovação tecnológica e transformação digital bem-sucedidos. A capacidade de organização e desenvolvimento da empresa depende disso, especialmente em tempos de grande incerteza, como o atual com a guerra entre Rússia e Ucrânia.

É importante pontuar os itens basilares para entender sobre o processo inovativo. Essencialmente, ele tem seu start na busca pela competitividade das empresas e das nações. Diferentes países, especialmente os mais ricos, investem somas crescentes para desenvolver o potencial inovador de suas empresas. Os países mais desenvolvidos usam a inovação como um vetor do desenvolvimento – eles investem cerca de 2% do seu PIB em inovação. Em alguns países, como Coreia do Sul e Israel, esse percentual já é de 5%, segundo dados da OCDE. A razão disto é que os procedimentos inovadores, expressos em novos produtos, processos e patentes, têm relação direta com o desenvolvimento econômico, a geração de emprego e renda e o aumento da competitividade, fator essencial para o progresso das empresas e das economias.

O Brasil tem percorrido um caminho oposto ao das economias mais desenvolvidas. Em 2018 o investimento em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) era de 1,2% PIB. Mas atualmente, esse valor representa apenas 0,5% do PIB. Esse cenário reflete na capacidade inovativa do país como um todo e também das empresas.

Em 2021, o Brasil ficou em 57º lugar no Índice Global de Inovação (IGI), com baixo desempenho em infraestrutura e sofisticação do mercado. Entre os países da América Latina e do Caribe, o Brasil está em 4º lugar – atrás do Chile, do México e da Costa Rica. Entre as nossas principais desvantagens, destacam-se a formação bruta de capital (que mede o volume de investimento produtivo), a dificuldade para abrir uma empresa, a dificuldade para obtenção de crédito e a taxa tarifária aplicada.

É necessário mudar esse contexto, criando ecossistemas de inovação equilibrados e eficientes no país. Uma estratégia nacional ambiciosa, que priorize o desenvolvimento científico, tecnológico e a inovação para o fortalecimento da indústria, tornará a economia mais dinâmica. 

O ecossistema de inovação na cidade de São Paulo tem sido um bom exemplo disso. Com rápido crescimento, nucleado por hubs de empreendedorismo tecnológico, universidades e por corporações que enxergam na parceria com startups oportunidades de negócios, a cidade tem se destacado no ranking mundial de inovação do ecossistema de pequenas empresas de base tecnológica (startups). Em 2021, conquistou o 18º lugar na lista das 40 cidades mais importantes neste setor, segundo mapeamento feito pelo StartupBlink.

O Brasil participa de um jogo dinâmico num ambiente internacional extremamente complexo e competitivo, mas o país e a grande maioria de suas empresas ainda têm pouca penetração. Encontrar respostas para as questões relacionadas ao fomento da inovação é a chave para qualquer protagonismo da nação junto aos países mais alinhados à transformação digital. E compreender as questões que direcionam para esse crescimento permite minimizar o estrago que o risco geopolítico pode causar aos negócios.

Um fator inibidor de um esforço mais concentrado das empresas em direção a uma maior competitividade tecnológica é o fato de que as empresas nacionais, em vários setores, ainda concentram grande parte de seu esforço no mercado interno brasileiro e, hoje, as atuais taxas de câmbio desestimulam uma maior inserção no mercado mundial. Com a melhor distribuição de renda da população e com os avanços na educação das pessoas, o nível de exigência tende a evoluir de forma significativa estimulando, cada vez mais, a busca por soluções de maior conteúdo tecnológico.

Além disso, esse mercado crescente em volume e qualidade tem atraído cada vez mais competidores ao Brasil, que se consolida, aos poucos, num dos pólos da competitividade global, exigindo atenção crescente para o tema da inovação como elemento diferenciador na competitividade.

Os negócios individuais e a política global estão intimamente ligados. As empresas individuais podem ter desempenho superior (ou desempenho inferior) dependendo de suas escolhas estratégicas individuais. Essa busca por uma inovação mais robusta, de ruptura talvez, transcorre também da necessidade de convivência com incertezas crescentes de tecnologias na fronteira do conhecimento. Isso exige uma mudança cultural importante nas empresas e na sociedade. Mais ainda, tamanha mudança parece mais fácil em momentos de otimismo econômico que tendem a aumentar a tolerância ao risco das empresas.

Esse risco em tempos de incerteza deve ser gerenciado. Para tanto, há que se considerar o ambiente competitivo e adverso enfrentado pelas empresas em circunstâncias de alta instabilidade geopolítica, que as obriga a fazer escolhas difíceis e pouco lineares.

Embora a incerteza seja um fator importante para impulsionar o desejo por inovação, as ações decorrentes de conflitos geopolíticos também podem ser altamente prejudiciais

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Confira abaixo alguns casos em que a instabilidade geopolítica pode ser uma ameaça para a empresa.

1. O aumento do risco geopolítico sufoca a inovação.

O aumento risco geopolítico reduz o número de patentes que uma empresa produz, reduz o valor financeiro das patentes concedidas à empresa e reduz o valor científico das patentes concedidas. Ou seja, o resultado é um impacto substancial e o sufocamento da inovação tecnológica.

Ao olhar para os tipos de patentes afetadas, à medida que a incerteza aumenta, observa-se que as patentes tendem a se concentrar menos em tecnologias novas (inovação revolucionária) e mais em patentes de rápida evolução (inovação incremental), e diminuem a diversidade de campos tecnológicos. Em outras palavras, as empresas se tornam mais avessas ao risco e menos propensas a buscar inovações multidisciplinares e altamente impactantes.

2. As ameaças podem ser mais prejudiciais do que as ações.

Em média, as ameaças têm um impacto maior na inovação do que os atos: o número médio de patentes depositadas por empresas cai três vezes mais em resposta a um aumento nas ameaças geopolíticas do que em resposta a um aumento nos atos geopolíticos.

A explicação mais plausível para esse movimento é que as ameaças de ação estão associadas a riscos não realizados, enquanto os próprios atos são uma forma de risco realizado, o que significa menos incerteza e, portanto, mais motivação para assumir riscos tecnológicos e inovar. Isso se alinha com a intuição – o medo do desconhecido é muitas vezes pior do que o medo do conhecido.

3. O risco geopolítico tem maior impacto nas empresas com mais clientes estrangeiros.

Empresas que vendem para clientes em países estrangeiros experimentam maior incerteza e, portanto, serão mais avessas ao risco em tempos de forte risco geopolítico.

4. O declínio na inovação é em grande parte impulsionado pelo volume dos negócios.

A incerteza associada ao risco geopolítico leva a menos investimento em inovação do setor privado. Mas há diversos mecanismos subjacentes que impulsionam essa mudança. Há, sem dúvida, muitos fatores em jogo, mas dois são destaque: 1)quando o risco geopolítico aumenta, o investimento das empresas em P&D cai; 2) Simultaneamente, o volume de negócios entre os inventores e cientistas responsáveis ​​pelas patentes que as empresas depositam aumenta.

Ambos os fatores impactam negativamente os níveis gerais de inovação das empresas, embora o capital humano tenha um papel muito maior do que o investimento em P&D: a queda no investimento em P&D é responsável por cerca de 2% da queda no número de patentes, enquanto que a queda no investimento humano capital explica 17% desse efeito – tornando-o quase 10 vezes mais impactante.

Isso sugere que a diminuição na inovação após um aumento no risco geopolítico pode ser menos impulsionada por políticas gerenciais intencionais (ou seja, gastos discricionários em P&D) e mais por fatores fora do controle direto dos(as) executivos(as) (ou seja, funcionários escolhendo ou sendo forçados a deixar seus empregos). Atualmente, a escolha por deixar os postos de trabalho tem se mostrado uma tendência que ganhou o nome de Great Resignation, um movimento que eleva a taxa de turnover das empresas, com atenção especial para o setor da tecnologia.

5. O impacto do risco geopolítico na inovação é duradouro.

Por quanto tempo esses efeitos adversos persistem? O impacto negativo do risco geopolítico na inovação normalmente persiste por três a cinco anos, atingindo em média seu pico dois anos após o aumento inicial. Assim, ainda que um conflito possa ser de curta duração, suas repercussões provavelmente serão sentidas nos próximos anos.

Mesmo que as empresas adotem medidas para reduzir o impacto do risco geopolítico em seus próprios níveis de inovação – evitando um foco excessivo em mercados estrangeiros, investindo em retenção e potencialmente limitando atividades de publicidade e lobby – em última análise, o risco geopolítico crescente provavelmente terá um efeito restritivo substancial sobre a inovação em todos os setores.

E a única maneira de abordar essa questão subjacente é unir os líderes políticos e empresariais para um trabalho conjunto a fim de reduzir as tensões globais e construir um futuro mais pacífico e inovador.

A Evermonte entende o valor da inovação tecnológica para empresas que posicionam-se à frente em seus segmentos de atuação. Por isso, pauta-se em dados para encontrar candidatos fora da curva para preencher os cargos mais decisivos da empresa. Entre em contato e saiba mais.


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