Evermonte Executive Search | Nunca tanta empresa trocou de CEO como em 2024
Se você tem acompanhado as movimentações no mercado executivo, talvez já tenha percebido um fenômeno que vem ganhando cada vez mais atenção: a alta rotatividade de CEOs. Apenas em 2024, segundo dados do Challenger, Gray & Christmas, Inc., 1.991 CEOs deixaram seus cargos nos Estados Unidos — o maior número desde que a consultoria começou a monitorar essas transições, em 2002. Essa “dança das cadeiras” no alto comando reflete uma era de instabilidade e transformações no cenário corporativo.
Aqui no Brasil, o cenário também chama atenção. Entre as 20 maiores empresas listadas no Ibovespa, 35% anunciaram a troca de seus CEOs em 2024. A permanência média de um CEO no país é de apenas quatro anos — curiosamente, o mesmo período de um mandato político. O que está impulsionando tantas mudanças? E quais são os impactos dessa volatilidade para as organizações?
Os motivos por trás desse aumento nas transições variam bastante. Nos Estados Unidos, 551 CEOs renunciaram voluntariamente, enquanto 445 se aposentaram. O crescimento no uso de lideranças interinas — que representaram 13% das substituições em 2024, um salto em relação aos 7% de 2023 — também chama atenção. Esse fenômeno reflete uma tendência clara: muitas empresas estão preferindo testar lideranças antes de tomar uma decisão definitiva.
No Brasil, a situação tem suas particularidades. Setores como saúde, tecnologia e financeiro lideraram a lista de transições. Em algumas empresas estatais, fatores políticos pesaram para essas mudanças, enquanto no setor privado a busca por novos rumos estratégicos e a dificuldade de manter o alinhamento com o conselho são causas recorrentes.
Cada troca de CEO representa mais do que uma mudança no organograma: é uma pausa na implementação de estratégias, uma quebra no ritmo de inovação e, muitas vezes, uma fonte de incerteza para investidores e colaboradores. A cultura organizacional pode ser impactada, principalmente quando a transição não é planejada ou conduzida de forma estruturada. Empresas que não conseguem manter uma liderança consistente podem pagar um preço alto: desengajamento dos colaboradores, perda de confiança dos stakeholders e até mesmo retrocesso em relação aos concorrentes.
Mais do que uma questão de nomes, a rotatividade de CEOs expõe um problema estrutural nas organizações: a dificuldade em alinhar expectativas de curto prazo com a construção de um futuro consistente. Não se trata apenas de trocar peças para ajustar estratégias, mas de reavaliar a própria lógica das organizações. A cultura da urgência — onde resultados imediatos prevalecem sobre a construção de uma visão de longo prazo — cria um ciclo vicioso: líderes vêm e vão, mas os problemas permanecem.
Em contraste, empresas que conseguem equilibrar a pressão por performance com estratégias de desenvolvimento sustentável demonstram uma característica em comum: elas tratam a liderança como um ecossistema, onde talentos internos são preparados, a inovação é fomentada continuamente e os CEOs se tornam uma peça articuladora, não atores solitários.
Para sobreviver a essa era de volatilidade, organizações precisam parar de apenas reagir às crises e começar a desenhar modelos que valorizem a consistência, mesmo em meio à mudança. Porque no fim das contas, a verdadeira liderança não é aquela que se adapta a cada nova tendência, mas a que consegue moldar seu próprio caminho.
E você? Como tem percebido as movimentações no alto comando das empresas? Compartilhe suas experiências e percepções nos comentários!
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