Antes de mais nada, executivos e proprietários de grande parte das organizações estão conscientes dos impactos e oportunidades da transformação digital e a consequente necessidade de inovar, independente do mercado em que estejam presentes.
O resultado mais usual tem sido o movimento de áreas internas da companhia no sentido de estruturar times ou divisões focadas em inovação a nível executivo, comumente personificadas na figura do “Head de Inovação” (independente da sua robustez hierárquica e autonomia). Do mesmo modo, apesar de positivo, é notável em grande parte destes movimentos uma falta de real priorização da alta administração e Conselho com o tema em termos práticos.
Contudo, em uma pesquisa conduzida com mais de 5.000 conselheiros em todo o mundo, concluiu-se que em geral a inovação não consta como um principal desafio estratégico para a maioria dos conselhos. Todavia líderes em alguns mercados estejam mais atentos aos impactos da disrupção, o baixo engajamento com o tema pode se tornar uma grande vulnerabilidade para o futuro da organização.
Alguns dos principais pontos observados apontam que os Conselheiros entrevistados entendem que seus processos mais efetivos estão focados em compliance, planejamento financeiro, gestão de riscos e manter-se atualizado no core business da companhia e mercado.
Posteriormente foi analisado que, em indústrias mais impactadas diretamente pelo movimento da inovação, como por exemplo TI, Saúde, Instituições Financeiras e Telecom, os conselheiros foram mais inclinados a considerar a inovação como um desafio estratégico principal para suas empresas. Além disso, notou-se que o foco em inovação tende a estar acompanhado a estratégias de longo prazo. Empresas que estão organizadas para criar valor no longo prazo também demonstraram maior chance de terem conselhos que priorizam a inovação.
Dessa forma, uma das prováveis causas deste quadro pode estar na composição e no recrutamento dos membros do conselho. O estudo apontou que apenas 13% dos conselheiros mencionaram que priorizaram conhecimento tecnológico no recrutamento de novos membros. Ao passo que 51% priorizaram conhecimentos específicos da sua indústria, 34% em estratégia e 30% em finanças.
Aproximar o board do cenário externo de inovação, colocar temas como pessoas e inovação como real prioridade nas pautas, certificar-se que possuem um CEO com visão e metas de longo prazo e, principalmente, discutir as suas fraquezas e necessidades na definição de perfil para os novos membros são fundamentais para a adequação dos atuais conselhos à economia digital.
Iniciativas como essas podem levar o conselho e consequentemente a companhia para outro patamar de inovação e performance.
Fonte: Harvard Business Review – Innovation Should Be a Top Priority for Boards. So why ins’t it? – Setembro de 2018
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